segunda-feira, 23 de maio de 2011

Raul Torres


Raul Torres (1906-1970) foi um artista botucatuense múltiplo: cantou modas de viola, sambas, emboladas e música caipira, compôs mais de 100 canções e se dedicou, também, à apresentação de programas de rádio. Em sua homenagem, foi feita uma escultura bem descontraída. Ela tem tamanho natural e está na praça Emilio Peduti, em Botucatu.


Raul Montes Torres (11 de julho de 1906 — 12 de julho de 1970) foi um cantor e compositor brasileiro. Filho de imigrantes espanhóis, nasceu e foi criado na cidade paulista de Botucatu, onde participava de pagodes e quermesses com amigos, cantando modas-de-viola.

Para ingressar profissionalmente na vida artística, foi para São Paulo, arranjando de início emprego de cocheiro, com ponto no Jardim da Luz, mas cantava sempre que surgisse oportunidade, em cabarés, circos, teatros e bares.

Ouvindo os sucessos da época, como Augusto Calheiros, Turunas da Mauricéia e Jararaca e Ratinho, mudou o estilo de cantar, adotando o gênero nordestino, principalmente as emboladas, que faziam grande sucesso.

Na sua cidade já se dedicava à música, cantando música caipira em festas, mas foi na cidade de São Paulo na década de 1920 onde decidiu dedicar-se definitivamente à vida artística.

Em 1927 entrou para a Rádio Educadora Paulista (depois Gazeta), que pela primeira vez reunia um elenco popular, em que figuravam Paraguaçu, Pilé, o violonista Canhoto e Arnaldo Pescuma, entre outros. No ano seguinte, com a inauguração da Rádio Cruzeiro do Sul (depois Piratininga), foi convidado a atuar no seu elenco, ao lado de Paraguaçu e Arnaldo Pescuma.


Em 1927 gravou seu primeiro disco no selo Brasilphone, de São Paulo, com a embolada Segura o coco, Maria e o samba Verde e amarelo, ambos de sua autoria. Na Columbia lançou, de sua autoria, Olha o rojão, além de Mauricéia (A. Portela e Marabá), com o Regional do Canhoto, Belezas de minha terra (com José Val) e O que tem o cotia e A festa do sapo (ambas de sua autoria).

Nessa gravadora, em 1930 e 1931, na série caipira de Cornélio Pires, gravou com o pseudônimo de Bico Doce, acompanhado de "Sua Gente do Norte, "Galo sem crista", de sua autoria, e mais três composições.

No mesmo período, gravou também na Parlophon, com o nome de Raul Torres e os Turunas Paulistas, no gênero moda-de-viola, várias de suas composições, entre as quais Rola rolinha (com Atílio Grany), Oi Juvená, Caipira no mercado (com Atílio Grany e Arnaldo Pescuma), e o grande sucesso Olhos de morena, com acompanhamento do conjunto Os Chorões.

Além dessas, a consagrada embolada Jacaré no caminhão, Saudade de Rio Pardo, interpretada em dupla com Azulão (Artur Santana), também apresentada na cena cômica de Genésio Arruda Uma festa no arraial.

Destacaram-se ainda interpretações suas como o cateretê Não zanga comigo não (Nair Mesquita), gravado em dupla com a autora, pela Columbia, que passou a Continental posteriormente.

Em 1933 gravou pela Odeon Sereno cai, toada, com coro de Francisco Alves, Castro Barbosa, Moreira da Silva, Jaime Vogeler e Jonjoca, e a embolada Pisei no rabo do tatu. Lançou ainda a embolada Sururu no galinheiro e o jongo A morte de um cantador (ambas de sua autoria), interpretadas em dueto com Nestor Amaral.

No mesmo ano conheceu João Pacífico, com quem formou dupla vocal, gravando, na Odeon, acompanhado pelo seu conjunto Embaixada, a embolada Seu João Nogueira, de autoria da dupla.

Com a Embaixada lançou ainda Balança os cacho, sinhá, embolada do compositor e caricaturista cearense Manuel Queirós, e o clássico da música sertaneja Mestre carreiro(de sua autoria).

Raul Torres, formou um duo com seu velho amigo, de Botucatu, Joaquim Vermelho, com quem gravou na Odeon as modas-de-viola A codorninha e Sistema americano, composições da nova dupla, e Caninha verde (com Luís Machado). Com Florêncio, lançou em disco Apelido dos jogadores(com Palmeira).

Em 1935 gravou na Columbia a marchinha Dona Boa(Adoniran Barbosa e J. Aimberê) e, na Odeon, sua composição A cuíca tá roncando, batucada, sucesso no Carnaval carioca desse ano e premiada em Portugal.

Transferiu-se em 1937 para a Victor, na qual, em dupla com seu sobrinho Antenor Serra, o Serrinha, gravou Cigana, moda-de-viola de sua autoria, com João Pacífico, a toada Chico Mineiro(Tonico e Tinoco e Francisco Ribeiro) e a moda-de-viola Adeus campina da serra(com Cornélio Pires).

Depois, novamente em dupla com Serrinha, lançou a moda-de-viola Boiada cuiabana (de sua autoria), que se transformou em grande sucesso da dupla Tonico e Tinoco. Gravou ainda a famosa valsa Saudades de Matão (com Jorge Galati e Antenógenes Silva), em que formou trio com Serrinha e Mariano - ("Neste mundo eu choro a dor, por uma paixão sem fim, ninguém conhece a razão por que eu choro no mundo, assim...")

Em 1937, forma dupla com Serrinha, que era seu sobrinho e passa a se dedicar a escrever e cantar músicas caipiras lançando vários discos em 78 rotações. Compôs mais de 100 canções, entre as quais a Moda da Mula Preta ("Eu tenho uma mula preta com sete palmo de altura...")

Em 1938, em dupla com Serrinha, gravou sua composição Balanceiro da usina, embolada, sendo, no mesmo ano, contratado pela Rádio Record de São Paulo. No ano seguinte, a dupla lançou em disco as toadas Do lado que o vento vai e Meu cavalo zaino, (ambas de sua autoria).

Em 1940, com João Pacífico, gravou Cabocla Tereza, Minas Gerais, toada, e A mulher e o trem, moda-de-viola, todas de autoria da dupla, o cateretê de sua autoria Trem de ferro, e a marcha Tem boi na linha (com Rui Martins).

Com Serrinha, lançou sua composição Mingirinha, de grande sucesso, e, em 1942 na Odeon, suas composições Mourão de porteira (com João Pacífico), grande sucesso, Campo Grande, Mulambaia, Conceição (com Aparício Cerqueira), Sexta-feira 13 (com Capitão Furtado), O rei mandou me chamar(autoria da dupla), Cadê minha morena(com João Pacífico) e Vamos pra São Manuel, entre outras.

No ano seguinte, foram feitas na Continental as últimas gravações da dupla Raul Torres e Serrinha, como A Copa do Mundo, Meus padecimentos, Moda do viaduto e Quero vê... quero oiá (todas de sua autoria).

Depois de separados, tio e sobrinho ainda vieram a gravar as composições de sua autoria Cheguei na casa da véia, Eu fui passiá em São Paulo e Quando eu cantei no rádio. Formou então nova dupla, com João Batista Pinto, o Florêncio (Barretos SP 1910-), com quem já havia gravado dez anos antes, lançando em disco, em 1944, Pingo d'água e depois A moda da mula preta, clássicos da música sertaneja (ambas com João Pacífico).

Em 1945, começa a compor com João Batista Filho, mais conhecido como João Pacífico e, desta parceria, resultam as canções Pingo d'Água ("Eu fiz promessa pra que Deus mandasse chuva pra crescer a minha roça e vingar a criação..."), Colcha de Retalhos ("Aquela colcha de retalhos que tu fizeste, juntando pedaço em pedaço foi costurada..."), Mourão da Porteira ("Lá no mourão esquerdo da porteira, onde encontrei vancê pra despedi..."), Cabocla Teresa ("Há tempos fiz um ranchinho, pra minha cabocla morar, pois era ali nosso ninho, bem longe desse lugar...").


A partir de 1960, passou a se dedicar cada vez mais à apresentação de programas de rádio, especialmente pela Rádio Record de São Paulo. Durante muitos anos apresentou um programa na Rádio Record com o violeiro Florêncio.


Em 1970, gravou com Os Três Batutas do Sertão, pela gravadora Vitória, o LP O maior patrimônio da música sertaneja.

Raul Torres faleceu um dia depois de seu aniversário de 64 anos. Quando tinha 50 anos, casou-se com Adelina Aurora Barreira, no ano de 55. Sua mulher era funcionária pública. Eles permaneceram casados até o dia de sua morte, portanto ficaram casados por 15 anos.

Deixou em 78 rotações cerca de 204 discos com 398 gravações. Passou a dedicar-se mais ao rádio e fez na Rádio Record, de São Paulo, o programa Os Três Batutas do Sertão, formando o trio de mesmo nome inicialmente com Florêncio e José Rielli, e a partir de 1947, com Florêncio e Rielli Filho (Emílio Rielli).

Sua consagrada composição Mestre carreiro foi interpretada no filme Sertão em festa (Osvaldo de Oliveira, 1970), por Tião Carreiro e Pardinho.

A Revolta de Nove de Julho - Raul Torres e Mariano


FONTE

WIKIPÉDIA

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