sábado, 21 de maio de 2011

Marimbanda


De todos os grupos de música instrumental do Ceará, talvez a Marimbanda seja o mais conhecido, com uma bagagem de shows que inclui não só passagens por vários estados do país, como também várias tournées internacionais. A inquietação em relação a muitos grupos inspirados na música norte-americana levou os músicos a unirem as origens musicais brasileiras, e principalmente nordestinas, com a música instrumental.



O grupo instrumental Marimbanda é tão singular quanto seu próprio nome. Formado em 1999 em Fortaleza, Marimbanda ganhou este nome através de uma composição da contrabaixista Adriano Giffoni. Com uma boa dose de improvisação adicionada a ritmos genuinamente brasileiros - samba, baião, frevo, etc. - a Marimbanda obteve grandes elogios no seu trabalho de estréia.



 A formação do grupo no primeiro cd Marimbanda (2001) é Luizinho Duarte (bateria, percussão), Heriberto Porto (flautas), Ítalo Almeida (teclados) e Júnior Primata (baixo). O grupo traz na maior parte composições originais para este lançamento, exceto pela regravação do clássico "Pisa na Fulô", que aqui recebe um arranjo arrojado e mais contemporâneo com muita suavidade, um fato que desponta como marca da Marimbanda. É óbvio que a canção tema de Adriano Giffoni está presente.

Esta combinação de músicos talentosos é que cria o som híbrido que encontramos em Marimbanda. Por exemplo, Jr. Primata traz em sua bagagem a experiência com músicos tais como Manassés e Renato Borghetti. Já Luizinho Duarte, que também é excelente violonista e compositor, claramente mostra as influências do Zimbo Trio assim como também das tradições de samba e choro.

Os solos e composições de Ítalo Almeida nos levam a Bill Evans e Chick Corea sem, entretanto, esquecermos de frevos e sambas. Quanto a Heriberto Porto, ele obteve seu mestrado em flauta em Bruxelas, Bélgica, onde viveu por 12 anos e se apresentou e gravou dois discos lá. Além da Marimbanda, ele também faz parte do grupo Syntagma, um grupo que mescla o barroco ao som nordestino, e o quinteto de sopros Alberto Nepomuceno.

“Marimbanda é uma dessas palavras repletas de harmônicos: marimba, marimbondo, etc, e sutil eco de sabor banto (“quimbanda”). Há algo africano, caribenho. Bem coletivo. Como se fosse um evento popular. Uma festa ritual. Algo próximo das marujadas ou marinhadas. Fazer uma marimbanda, armar uma marimbanda, esta a tarefa do quarteto neste trabalho de estréia. Da vibrante e persuasiva faixa título até temas mais intimistas como “Destino”( com seu piano riscado a suave giz), e a delicada “Num domingo de valsa”, passando pela oportuna releitura do clássico “ Pisa na Fulô” e pelas acesas “Depois a gente se vê” e “À procura do Conde”, tudo se encontra em movimento neste CD.

Luiz da Arte” é um tributo à altura de um dos músicos mais competentes e afáveis do cenário brasileiro: Luizinho Duarte. “Samba nº. 1” soa denso, macio, saudoso. Nele, como de resto em todos os temas, piano, baixo e bateria estão alertas, plenos de boas idéias. Jazz bem convivido. Com o melhor sotaque do Brasil.”



A abertura com a faixa de Adriano Giffoni, "Marimbanda", começa com a bateria super dinâmica de Luizinho. O grupo entra de cara com muita energia e troca solos rápidos uns com os outros. As mãos de Ítalo parecem deslizar levemente no teclado enquanto que a flauta de Heriberto nos deixa sem fôlego tamanha a vitalidade. Tudo isso recebe o apoio do baixo de Jr. Primata. Essa troca maravilhosa de solos leva uns 4 minutos e se alterna entre compassos rápidos e mais lentos.

Entra então "Destino", o que leva a Marimbanda a diminuir o tempo um pouco. Esta linda bossa se torna então o ponto central para Primata fazer o solo principal. Luizinho está mais ao fundo e apenas acompanha de leve o piano de Ítalo e a flauta transversal do Heriberto. Estes contrastes entre baladas e músicas mais rápidas se tornam um grande atrativo neste cd.

Depois de "Destino", por exemplo, "Feito Assim" retoma o pique com um ritmo mais jazístico rápido. O mesmo ocorre com "À Procura do Conde", que dá sequência a calma em "Luiz da Arte", que é um baião suave. A propósito, o jogo de palavras em "Luiz da Arte" e Luiz Duarte é muito inteligente. Já o clássico "Pisa na Fulô" tem aqui um tratamento novo com um arranjo que mostra um trecho improvisado onde o destaque é o piano do Ítalo.

Em "Morangotango", o convidado especial é o acordeonista "Adelson Viana", que coloca um sabor de tango especial nesta faixa. Trata-se assim do encontro da Argentina com o Brasil numa combinação efusiva A valsa romântica "Num Domingo de Valsa" nos leva a passear com imagens de flores crescendo no rico solo da flauta do Heriberto que pinta este cenário de tranqüilidade e prazer. Mais uma vez, o grupo dá uma viravolta e incendeia com "Depois a Gente Vê" antes de encerrar com "Samba Nº 1".



Em 2005, a Marimbanda lançou seu segundo álbum, Tente Descobrir. Este é o momento preciso para ouvir esta dobradinha de excelentes trabalhos. A banda parece estar destinada para um futuro bem promissor. Brasileiro em conceito e execução, ´Tente descobrir´ é o segundo rebento musical de Heriberto Porto, Ítalo Almeida, Miquéias dos Santos e Luizinho Duarte

Regional também é o álbum “Tente descobrir” do grupo Marimbanda que traz um jazz da terra misturando ritmos como: baião, frevo, ciranda, maracatu e xote.

Marimbanda é mais do que um grande trabalho enaltecendo a música instrumental brasileira. O som da banda é ao mesmo tempo vibrante e sereno, eletrizante e acalmante. Tudo é feito com o maior e melhor profissionalismo e estilo incomparável.

O grupo já fez turnê pela França e pela Bélgica se apresentando no Festival Altitude Jazz em Briançon, de concertos no Jazz Station em Bruxelas e no Comptoir Du Jazz em Bordeaux.

FONTE

MUSICABRASILEIRA

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