sábado, 28 de maio de 2011

Amazonas inspiram novo trabalho de Salomão Habib


Rio e Estado com nome de mulher: Amazonas. O batismo foi inspirado numa lenda sobre guerreiras altas, belas e de cabelos compridos, que enfrentaram os invasores hispânicos às margens do Rio Nhamundá – localizado na fronteira entre o Pará e o Amazonas. Os europeus foram surpreendidos pelo ataque de índias desnudas, que empunhavam arcos e flechas. Moradoras do reino das Pedras Verdes, as índias eram conhecidas como Icamiabas, expressão para “mulheres sem marido”.



Sobre os mistérios desse reino repleto de mulheres formosas, fortes e independentes, nasceram as composições do concerto “Suíte das Amazonas”, do músico paraense Salomão Habib. O show foi apresentado no dia 27/05/2011, às 20h, na Igreja Santo Alexandre.

O repertório é resultado de uma extensa e contínua pesquisa sobre a cultura indígena realizada por Habib há duas décadas. As composições sobre as Amazonas já foram apresentadas por músicos como Ney Conceição e Trio Manari, e atualmente viajam o mundo na interpretação do violonista curitibano Fabrício Mattos, que incluiu no seu repertório as canções de Habib e está percorrendo 13 países dos cinco continentes.

A música amazônica indígena é contada através dos traços dos sons dos violões, em uma linguagem universal”, diz Habib.

No concerto, Salomão toca dois violões, um de seis cordas e outro de dez. Além de composições próprias, o concerto inclui obras de Villa-Lobos e Sebastião Tapajós, entre outros.

A lenda é de uma riqueza muito grande, e as composições misturam música erudita e indígena”, explica o músico sobre a obra que se divide em cinco movimentos, transitando entre elementos regionais e clássicos.

Habib está trabalhando em um novo projeto, que prevê a composição de 24 carimbós em violão de dez cordas.

Salomão Habib é um dos maiores nomes da música instrumental paraense, e já se apresentou em países como França, Japão, Colômbia, Estados Unidos, Holanda e República Tcheca.

Salomão Habib: o orgulho musical do Pará
Por Bruno Gustavo

'Um violonista sensível e cuidadoso em suas interpretações' (Waldemar Henrique)

'Viemos tocar com Salomão e aprendemos muito da cultura amazônica com ele' (Birlinger & Volkert - Munique - Alemanha)

'Salomão Habib é um dedicado preservador e animador da memória musical paraense' (Prof. Vicente Salles)

'Sua guitarra tem o som e o espírito característico da música brasileira' (Frido Man – Diretor da Casa Man – Stadthaus, Zurique - Suiça)

Essa é a visão que o mundo tem de Salomão Habib por seus 25 anos de carreira com 13 CD's lançados. O incomparável currículo do músico é invejável por todas as conquistas adquiridas ao longo de sua trajetória musical. Mais de 18 premiações, cargos importantes exercidos, idealizador de projetos, criador de selo discográfico, apresentador de televisão e a arte de repassar todo o conteúdo que tem como professor, sobretudo com o talento que representa para a região.

Não foi por acaso que Habib foi escolhido para representar a Amazônia pelo Brasil, na maior turnê realizada por um solista, O Sonora Brasil 2009. O músico foi premiado com uma Bolsa de Incentivo à Criação Artística concedida pela Funart (Fundação Nacional da Arte), para se dedicar a composições de 12 Rituais Sinfônicos para Orquestra de Violões, baseados em temas e rituais indígenas.



As pesquisas realizadas, o comprometimento com a música regional, a qualidade técnica e o amor que tem por essa região tornou merecido ficar entre os oito escolhidos entre 180 músicos no país inteiro.

O Pará ficou de fora do Sonora Brasil, mas Salomão Habib deu a oportunidade ao público paraense de conferir o que levará, em nome da Amazônia, para o Brasil e admitiu entender a razão da exclusão. Segundo o vilolonista, o Sesc - Pará prefere mostrar aos paraenses novos violonistas, já que o estado já o conhece bastante.

Em entrevista ao Balaio Virtual, em 2009, Salomão Habib fala da música em sua vida. Confira!


Portal ORM - Como surgiu o interesse pela a música?

Salomão Habib - Sou filho de pai músico, minhas irmãs menos crianças que eu sempre tocaram violão, minha mãe cantava fazendo suas coisas diárias e cresci em um ambiente musical, logo logo a vontade de tocar me arrebatou e com isso a vontade também de estudar um instrumento. Nesse período conheci um amigo, mais velho que eu, que já tocava e me ensinou a amar o violão: Eduardo Coutinho. Foi ouvindo Sebastião Tapajós e Baden Powel que me apaixonei de vez.

Portal ORM - Desde quando começou a tocar violão?

Salomão Habib - Toco violão desde os 11 anos de idade. Era para ter começado mais cedo, mas meu pai não queria que eu fosse músico, pois sabia das adversidades da profissão. Gostaria que eu fosse um profissional de uma área mais rentável.

Portal ORM - Você se considera apenas violonista ou toca outros intrumentos?

Salomão Habib - Sou violonista por formação, mas toco também Alaúde, Vihuela, Viola Caipira e Violão Tercino, todos da família dos instrumentos de cordas dedilhadas.

Portal ORM - Quais as suas influências musicais?

Salomão Habib - Fui muito influenciado pelo som de Egberto Gismonti, Milton Nascimento, Alex de Grassi, Sebastião Tapajós, Nego Nelson, Baden e pelo Maestro Waldemar Henrique.

Portal ORM - Qual a sensação de ser um dos oito escolhidos entre 180 diferentes violonistas do país inteiro para realizar a turnê 2009 Sonora Brasil - Sesc?

Salomão Habib - Quando o gerente do Sesc de Belém ,meu queridíssimo Admir do Cavaco, me ligou do Rio (de Janeiro) eu achei que era uma brincadeira e não acreditei pois jamais imaginava ser escolhido num país onde tem tantos violonistas de renomado talento. Mas depois foi só alegria e o peso da responsabilidade. Em resumo eu acredito que quando se tem fé naquilo que se faz, uma hora o reconhecimento chega. Basta sermos fiéis a nós mesmos e acreditar que existe espaço para todos.

Portal ORM - Como funcionará o Sonora Brasil 2009?

Salomão Habib - Cada etapa receberá duas duplas de violonistas por todo o Brasil, agora no primeiro semestre já se foram duas duplas que viajaram. Violonistas do Norte, Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste, mostram através de seus repertórios um panorama de cada região do Brasil. Cada violonista leva em sua bagagem o repertório de sua região.

Portal ORM - Como é ter a responsabilidade de representar a Amazônia nesse projeto?

Salomão Habib - É uma honra e uma felicidade só. O peso da responsabilidade é grande, mas a satisfação e o orgulho de representar uma região tão rica em tradições culturais fala mais alto que qualquer coisa. O Pará sempre foi um celeiro de talentos musicais que infelizmente acabaram sendo exportados para o exterior. É difícil ficar aqui no Norte do Brasil e viver de música ou melhor sobreviver de música. Mas se o bolso anda vazio a alma em compensação está sempre repleta de felicidade e emoção.

Portal ORM - Este ano é considerado o Ano do Violão Brasileiro. O que isso representa para você?

Salomão Habib - Um reconhecimento da riqueza e da maravilha que é esta pequena caixinha de dor e prazer: o Violão. Muitos autores aniversariam este ano e nada mais justo que prestar a homenagem ao instrumento simbolo do povo brasileiro. Essa escolha para mim representa o contentamento e a alegria de festejar a música brasileira em seus mais diversos estilos, pois foi ao violão e não ao piano que a MPB se tornou uma das músicas mais fortes e escutadas do planeta.

Portal ORM - Depois do Sonora Brasil, quais seus projetos futuros?

Salomão Habib - Ir à França realizar alguns concertos, rever amigos na Alamenha e também tocar por lá. Ir também a Itália para o lançamento de um CD de violonistas mundiais do qual participo interpretando uma peça linda intitulada 'Serrado' de autoria de Marcos Vinícius. Gravar um CD de música infantil com a nossa querida Lucinha Bastos, aceitar o convite de tocar na Bienal de Música de São Paulo e lancar meu DVD.



FONTE

Balaio Virtual

Diário do Pará

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