quinta-feira, 7 de abril de 2011

Léo Vilar


Léo Vilar - Antonio Fuína - (17/11/1914 Rio de Janeiro/RJ - 1969)

Em 1930, fez uma prova nos estúdios da antiga Columbia cantando "Eu dava tudo", uma parceria sua com Nicola Bruni. Ao fim do teste, foi convidado por Valdo Abreu para cantar na Rádio Mayrink Veiga, onde estreou nessa mesma noite. Foi o próprio Valdo Abreu quem o rebatizou como Léo Vilar.

Nesse programa de estréia foi acompanhado pelo maestro Kalua e cantou a mesma "Eu dava tudo" e "Meu pensamento", de Custódio Mesquita. Foi contratado imediatamente permanecendo na Mayrink Veiga por quatro anos se apresentando acompanhado pelo pianista Aluísio Silva Araújo com quem veio a constituir uma famosa dupla e com quem ganhou um concurso instituído por "A Hora", como a melhor dupla do rádio (as outras eram Sílvio Caldas e Nonô, Luís Barbosa e Travassos).

Em 1932, foi convidado por Benedito Lacerda para ser "crooner" de seu regional, "Gente do Morro", para substituir Moreira da Silva.

Em 1933, gravou seu primeiro disco, na Colúmbia com os sambas "Foi bom", de Benedito Lacerda e Osvaldo Silva e "Não devo amar", de Benedito Lacerda, V. Batista e Nelson Gomes, com acompanhamento do grupo Gente do Morro, de Benedito Lacerda.

Na época, cantava marcando o ritmo no seu chapéu de palha, estilo que Luís Barbosa lançara pouco antes. No mesmo ano, gravou com Arnaldo Amaral, com acompanhamento de Pixinguinha e sua orquestra, os sambas "Se passar da hora", de Osvaldo Vasques e Boaventura dos Santos e "Rindo e chorando", de Osvaldo Vasques e Buci Moreira. Também no mesmo ano, gravou em dueto com Noel Rosa o samba "Devo esquecer", de Gilberto Martins, também com acompanhamento de Pixinguinha e sua orquestra.

Em 1934, tinha com Gilberto Martins um sonho em comum: viajar. E resolveram ir inicialmente a Salvador, na Bahia, onde pretendiam apresentar-se cantando em dupla: ele cantando e batendo o ritmo, Gilberto Martins tocando violão e fazendo a segunda voz. Acreditavam que na Bahia houvesse algum ambiente radiofônico, mas não havia nada. As estações de rádio só funcionavam à base de discos, as orquestras tocavam sem "crooner".

Passaram três dias dormindo nos bancos das praças, até serem levados por um amigo carioca, conhecido do rancho Tenentes do Diabo que os levou ao Cassino dos Tenentes, na Praça Castro Alves, para ver se conseguiam alguma coisa. Segundo Ary Vasconcelos, foram recebidos pelo diretor da orquestra, Jonas Silva: " - dublê de fotógrafo e diretor de orquestra -, explicou-lhes que na Bahia não se usavam cantores em orquestra, mesmo porque não havia verba.... Mas, pelas 2 horas da manhã, Machado insistiu em que eles cantassem. Jonas deu permissão e o sucesso foi surpreendente.

Na mesma hora e diante dos assistentes em delírio, Léo foi contratado para "crooner" da orquestra. Durante três meses, Leo ficou cantando só no Cassino. Enquanto isso, Gilberto organizava um programa de rádio que revolucionou a radiofonia baiana.

Em 1936, Gilberto e Léo eram donos da Rádio Clube da Bahia, tendo descoberto Demerval Costa Lima, Dorival Caymmi e outros. Já então Léo era ídolo na Boa Terra, cantando em rádio, cassinos e fazendo bailes em Salvador e Recife". Ainda em 1934, gravou a marcha "Minha rainha". De J. Miranda e Ivan Lopes com acompanhamento de Pixinguinha e sua orquestra.

Em 1936, voltou ao Rio de Janeiro, onde encontrou um conjunto, que já se apresentava há dois anos no rádio: os Anjos do Inferno, o qual passou a dirigir e onde atuou como vocalista em lugar de Oto Borges. O novo "Anjos do Inferno" estreou na Rádio Cruzeiro do Sul e se apresentou no Cassino Icaraí, em Niterói, obtendo bastante sucesso. Nesse mesmo ano o conjunto foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga, onde permaneceu por dois anos.

Em 1938, remodelou o conjunto, tirando os irmãos Antônio e José Barbosa, substituindo-os por Alberto Paes (pandeiro) e Aluísio Ferreira (violão-tenor), e fazendo entrar Harry Vasco de Almeida (pistão), no lugar de Milton Campos. Com essa nova formação, os Anjos estrearam na Rádio Tupi onde ficaram por nove anos. Paralelamente a sua atuação no Anjos do Inferno continuou gravando solo.

Em 1941, gravou o samba "Bangalô e barracão", de João de Barro e Alcyr Pires Vermelho acompanhado pelo Conjunto Regional de Benedito Lacerda. No mesmo ano, gravou com Beatriz Costa a marcha "Não te cases Beatriz", de Antônio Almeida, Alberto Ribeiro e Arlindo Marques Jr., com acompanahemto de Benedito Lacerda e seu conjunto regional.

Em 1942, gravou também com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu regional os choros "Acabou-se o que era doce", de Antônio Almeida e Alberto Ribeiro e "Casal feliz", de Antônio Almeida.

Em 1952, ingressou na gravadora Copacabana e lançou o samba "Vai saudade!...", de Irani de Oliveira e Ari Monteiro e a batucada "Baile de rico", de Roberto Martins e Arnaldo Passos.

Em 1953, por problemas financeiros, já que as excursões, fonte principal da renda do grupo, estavam prejudicadas pela ascensão astronômica dos preços das passagens de avião, foi obrigado a dissolver o conjunto Anjos do Inferno.

Nesse mesmo ano, transferiu-se para São Paulo, alugando um apartamento na Avª São João. Ainda no mesmo ano, gravou a batucada "Linda Dolores", de Hernâni Castanheira e Abelardo Barbosa, o Chacrinha, a "Marcha da viúva", de Peterpan e Afonso Teixeira, os sambas "Cozinheiro forçado", de Altamiro Carrilho e Irani de Oliveira e "Se não fosse a fé", de Horondino Silva e Pelado e o samba canção "Quando a lua se escondeu", de Gilberto Martins.

Em 1955, gravou o samba choro "Seu Osório", de Aloísio Silva Araújo e Roberto Martins e o baião "Gozador", de João Grimaldi e Roberto Medeiros. No mesmo ano, gravou na Continental com o cantor e compositor baiano Gordurinha a marcha "Soldado da rainha", de Gordurinha e João Grimaldi e o samba "Sonhei com você", de Roberto Martins e Mário Vieira.

Radicado no Rio desde 1952, o cantor e compositor baiano Gordurinha (Waldeck Artur de Macedo) teve sua primeira oportunidade artística ao gravar em dupla com Léo Vilar duas músicas para o carnaval de 56.

Em 1956, voltou a gravar com Gordurinha, desta vez os cocos "São Paulo x Rio" e "Faroleiro", ambos de Gordurinha e João Grimaldi.

Em 1957, voltou ao Rio de Janeiro. Dois anos mais tarde atuou na peça "De Cabral a JK", de Max Nunes, J. Maia e José Mauro, no Teatro João Caetano, quando reorganizou momentaneamente o conjunto Anjos do Inferno. Ficaram seis meses em cartaz, atuando também como atores. Nesse ano, foi trabalhar no Departamento Artístico da editora musical Cembra. Foi diretor da Magissom, fábrica de discos situada em São Paulo.

Em 1968, procurou o diretor do Museu da Imagem e do Som, Ricardo Cravo Albin, dizendo-se em sérias dificuldades financeiras. Por essa razão, o diretor do MIS realizou um espetáculo beneficente no Teatro Aurimar Rocha para arrecadar-lhe fundos.

CURIOSIDADES
  • Raquel Fuina atende agora pelo nome de Raquel Villar. A atriz, que viveu uma das filhas de Camila Pitanga em “Cama de gato”, faz da mudança uma homenagem. O sobrenome vem de seu tio Léo Villar, que fez muito sucesso na época de ouro do rádio no Brasil e chegou a tocar ao lado de Carmen Miranda.

ANJOS DO INFERNO


Anjos do Inferno - Conjunto vocal e instrumental organizado no Rio de Janeiro/RJ em dezembro de 1934, teve sua fase de maior popularidade, como sexteto, na primeira década de 1940. Liderado pelo carioca Oto Alves Borges (Rio de Janeiro 1913—), que atuava como crooner, incluía inicialmente os violonista Moacir Bittencourt e Filipe Brasil, os irmãos Antonio Barbosa (pandeiro) e José Barbosa (violão tenor), além de Milton Campos, um dos primeiros instrumentistas brasileiros a utilizar o pistom nasal (imitação do som de pistom comprimindo as fossas nasais).

Aquarela do Brasil (Brazil - 1947)


O grupo, cujo nome foi escolhido numa alusão a orquestra de estúdio Diabos do Céu, de grande renome na época, sob a direção de Pixinguinha, estreou profissionalmente nas rádios Cajuti e Cruzeiro do Sul, gravando pela primeira vez, na Columbia, o disco Morena complicada (Kid Pepe) e Amei demais (Kid Pepe e Siqueira Filho), sem no entanto alcançar repercussão.

Em 1936 Oto Borges desligou-se do grupo para retomar suas atividades de funcionário público, sendo substituído pelo cantor Léo Vilar. Recém-chegado de uma excursão pelos EUA, como integrante da orquestra de Jonas Silva, o carioca Léo Vilar cujo verdadeiro nome era Antônio Fuína (1914—1969) — assumiu a liderança do conjunto, que ainda em 1936 passou a apresentar-se no Cassino Icaraí e na Rádio Mayrink Veiga, gravando na Columbia Maria foi à fonte (Kid Pepe).

Em 1938 Milton Campos e os irmãos Barbosa foram substituídos por Alberto Paz (Rio de Janeiro 1920—) (pandeiro), Aluísio Ferreira (morto no Rio de Janeiro em 1980) (violão tenor) e Harry Vasco de Almeida (pistom nasal). Com essa formação estreou na Rádio Tupi e exibiu-se no Cassino da Urca, alcançando seu primeiro grande êxito com o lançamento do samba-canção Bahia, oi!... Bahia (Vicente Paiva e Augusto Mesquita), gravado na Columbia em dezembro de 1939, para o carnaval do ano seguinte.

Como artistas exclusivos dessa gravadora lançaram, em 1940 e 1941, diversos discos de grande sucesso, entre os quais os sambas Helena, Helena (Secundino e Antônio Almeida), Que bate fundo é esse? (Bide e Armando Marçal), Brasil pandeiro (Assis Valente), Você já foi à Bahia?, Requebre que eu dou um doce (ambos de Dorival Caymmi) e a batucada Nega do cabelo duro (Rubens Soares e David Nasser).

Anjos do Inferno - Nega do cabelo duro


Que bate fundo é esse?


Em 1942, com a saída de Alberto Paz, Moacir Bittencourt e Filipe Brasil, entraram para o conjunto Hélio Verri (pandeiro), Roberto Medeiros, conhecido como Paciência (violão), e Walter Pinheiro (violão). No mesmo ano Renato Batista, irmão da cantora Marília Batista, substituiu durante alguns meses o violonista Walter Pinheiro.

Rosa Morena (Dorival Caymmi)


Em 1944 participaram do filme Abacaxi azul, de J. Rui. No mesmo ano transferiram-se par a Victor, e entre os maiores êxitos gravados nesse selo estao o samba Bolinha de papel (Geraldo Pereira) e a marcha O cordão dos puxa-sacos (Eratóstenes Frazão e Roberto Martins).

Anjos do Inferno - Bolinha de Papel


Em 1946, com o pandeirista Russinho (Jose Ferreira Soares) substituindo Hélio Verri, o conjunto excursionou pela Argentina e de lá seguiu para o México, em cuja capital permaneceu de 1947 a 1951, atuando em shows e clubes noturnos e participando de onze filmes mexicanos, oito dos quais ao lado de Ninon Sevilla, grande estrela da época.


(Ninón Sevilla e Os Anjos Inferno - Angeles del Infierno - em número musical do filme Sensualidad)

Divertidíssimas participações do conjunto...


(Anjos do Inferno in the Mexican Film "Pobre Corazón"- Interpretando a música "Carecas".)

Durante esse período, em 1948, Aluísio Ferreira, Walter Pinheiro, Harry Vasco de Almeida e Russinho transferiram-se para os EUA, passando a integrar o conjunto Bando da Lua. Para substituí-los, Léo Vilar convidou os ex-integrantes do conjunto Os Namorados, o violonista Nanai (Arnaldo Humberto de Medeiros, Rio de Janeiro 1923-São Paulo/SP 1990), o violão-tenor Chicão (Francisco Guimarães Coimbra), que também tocava tanta e participava do grupo Quitandinha Serenaders, e o pandeirista e cantor Miltinho, que mais tarde faria carreira individual como intérprete.

Com esses novos elementos, o conjunto viajou pelos E.U.A., apresentando-se em Los Angeles ao lado de Carmen Miranda, e durante dois anos manteve na cidade do México um programa radiofônico intitulado Coisas e Aspectos do Brasil.



Em 1951, depois de uma tournée pelo Chile e Argentina, retornaram ao Brasil, contratados pela Rádio Jornal do Comércio, de Recife/PE. Nos dois anos seguintes atuaram no Rio de Janeiro e em São Paulo SP, apresentando-se nas rádios Tupi, Excelsior e Nacional, e realizando temporadas nas boates Monte Carlo e Óasis.

Desfeito o grupo em 1953, por problemas financeiros, o conjunto reapareceria em 1959 novamente liderado por Léo Vilar — que atuava como crooner e ritmista e mais o violonista Gaúcho, o pandeirista Miguel Ângelo, e o ritmista Paulo César no tantã. Durante seis meses apresentaram-se como atração da revista De Cabral a JK, de Max Nunes, J. Maia e José Mauro, encenada no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.

Finalmente, em 1967, os membros antigos do sexteto de Léo Vilar, Walter Pinheiro, Aluísio Ferreira, Roberto Medeiros, Harry Vasco de Almeida e Russinho reuniram se para tocar as segundas-feiras no Arena Clube de Arte, no Rio de Janeiro, realizando uma série de shows em que relembravam os velhos tempos, contando a história de seu conjunto e de outros de sua época.

Apesar das numerosas alterações em toda a sua longa existência de aproximadamente 30 anos de atividades no Brasil e no exterior, constituíram-se num dos conjuntos vocais mais facilmente identificáveis, em parte pela utilização do pistom nasal. CD: Samba da minha terra (c/Bando da Lua, Grupo X Quatro Ases e Um Curinga), 1991, Revivendo CD-019.

Fale baiano Fale baiano


BEATRIZ COSTA & ANJOS DO INFERNO : "A CACHOPA NÃO É SOPA" (1941),CENAS (1939)


FONTE

Dicionário MPB

Cifrantiga - Anjos do Inferno

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