quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Monsueto


Monsueto Campos Menezes foi, essencialmente, um músico. Baterista de boate, atuou em diversos conjuntos na década de 1940, entre as quais a Orquestra de Copinha, no Copacabana Palace Hotel.

Percussionista, cantor, ator comediante, foi também um excelente pintor naïf. (Pablo Neruda, certa vez, adquiriu um quadro dele). Foi, sobretudo, um compositor popular dos melhores que o Brasil já teve.


Me deixa em paz by Teresa Cristina e Seu Jorge


'Se você não me queria
não devia me procurar
não devia me iludir
nem deixar eu me apaixonar

Evitar a dor
é impossível
evitar este amor
é muito mais
você arruinou a minha vida
me deixa em paz'

O auge da popularidade de Monsueto, como compositor, se deu por volta de 1964, quando Helena de Lima, experimentadíssima cantora de boate, gravou (ao vivo) o vinil 'Uma Noite no Cangaceiro' (boate da moda na época) incluindo num eletrizante 'pout-pourri' de Sambas, duas músicas dele: 'Mora na filosofia' (também gravada por Caetano Veloso no disco 'Transa' de 1972) e 'A Fonte secou'.

A fonte secou (1953, com Raul Moreno e Marcleo)

Eu não sou água pra me tratares assim
Só na hora da sede é que procuras por mim
A fonte secou
Quero dizer que entre nós tudo acabou

Seu egoísmo me libertou
Não deves mais me procurar
A fonte do nosso amor secou
mas os seus olhos nunca mais hão de secar.

BIO

Monsueto Campos de Menezes (Rio de Janeiro, 4 de novembro de 1924 — Rio de Janeiro, 17 de março de 1973) foi um sambista, cantor, compositor, instrumentista, pintor e ator brasileiro

Sambista que transitava por todas as escolas de samba sem ser diretamente vinculado a nenhuma, é o autor de sambas clássicos como "Mora na Filosofia" e "Me Deixa em Paz".

Nascido no morro do Pinto (*Favela do Pinto era um gueto negro na parte mais nobre da Zona Sul do Rio), tocou como baterista em alguns conjuntos, inclusive no Copacabana Palace. Seu primeiro grande sucesso foi "Me Deixa em Paz" (com Airton Amorim), gravado em 1952 por Marília Batista. Em seguida outros intérpretes gravaram outras composições de sua autoria.

Atuou também em cinema e na televisão, onde interpretava o popular personagem Comandante, na TV Rio.

No fim da década de 1960 passou a dedicar-se mais à pintura primitivista, participando de exposições e recebendo prêmios.

Em 1970 participou da gravação de "Tonga da Mironga do Kabuletê", que marcou o início do êxito da dupla Toquinho/ Vinicius de Moraes.

Além de compositor, Monsueto brilhou como ator cômico em filmes, shows de variedades e na televisão. Atuou no cinema trabalhando em 14 filmes – onze brasileiros, três argentinos e um italiano. Integrou espetáculos produzidos por Herivelto Martins, com o qual viajou para Europa, África e América, e até montar seu próprio grupo, sempre cercado de cabrochas e outros cantores.


Entre os nacionais, participou de "Treze Cadeiras" (de Franz Eichhorn), "Na Corda Bamba" (de Eurides Ramos), "O Cantor Milionário" e "Quem Roubou meu Samba" (ambos de José Carlos Burle), mas não chegou ao final das filmagens de "O Forte", em 1973, vindo a falecer... Monsueto faleceu em 17/2/1973.
 
No palco, entre os anos 50 e 60, no auge de sua carreira como showman na TV, participou de diversos programas como Noites Cariocas, na TV Rio, ganhando o apelido de Comandante por causa de um dos esquetes que criou.
 
A cantora Beth Carvalho também riu muito com seus esquetes em programas de TV. "Ele era cômico, fazia umas blagues, tipo Mussum. Era o Mussum da época".

Quem também lembra muito bem dessa sua faceta humorística é o compositor João Roberto Kelly. "Ele trabalhou na TV Rio na década de 60 e tive o prazer de tê-lo em quadros musicados por mim, em programas como Praça Onze e O Riso É o Limite", conta.

"Monsueto era histriônico. Não era de chegar e fazer um monólogo como ator, ele fazia um tipo com muita graça. Era um crioulo de 1,80m, gordo, grandão com um sorriso maior que o tamanho dele, além de um compositor inspiradíssimo", elogia. Além disso, Kelly diz que era excelente ritmista e baterista. "Ele tocava pandeiro, surdo, reco-reco, chegou a participar de várias gravações como músico de estúdio."

No fim da década de 60, Monsueto passou a dedicar-se mais à pintura primitivista, participando de exposições e recebendo prêmios.

Depois de sua morte outros cantores e compositores regravaram suas músicas, dando a Monsueto o merecido destaque. Alaíde Costa gravou "Me Deixa em Paz" no disco Clube da Esquina, de Milton Nascimento, Caetano Veloso gravou "Mora na Filosofia" no disco Transa e muitos outros.

O segundo álbum de Monsueto, ou dedicado a ele, é uma espécie de Songbook (vários artistas interpretam músicas de um único compositor). O volume traz um total de 12 composições, todas gravadas em datas diferentes. Cantoras como Maria Betanea, Angela Maria, Marlene, Dircinha e Linda Batista figuram entre as intérpretes, de cantores temos Jorge Veiga, Zaccarias e Seu Conjunto, Maurílio e o próprio Monsueto. O álbum foi lançado em 1973, ano em que Monsueto faleceu.

Depois desse álbum, foram lançadas duas coletâneas que levam a mesma linha, a primeira em 1977 numa série chamada "Nova História Da Música Popular Brasileira", e a segunda em 1982 numa série chamada "História Da Música Popular Brasileira - Grandes Compositores", nessa de um lado do disco é Monsueto e do outro Zé Kéti, ambas foram vendidas em banca de revista.

Gravações de Monsueto - Todas compostas pelo próprio, exceto onde notado.

A fonte secou (com Tufic Lauar e Marcléo)

Eu quero essa mulher assim mesmo (com José Batista)

Me deixa em paz (com Aírton Amorim)

Mora na filosofia (com Arnaldo Passos)


Eu... vou lhe dar a decisão
botei na balança... e você não pesou
botei na peneira... e você não passou.
Mora, na filosofia... prá quê rimar
amor e dor?

Se seu corpo ficasse marcado
por lábios ou mãos carinhosas
eu saberia (ora vá mulher)...
a quantos você pertencia.
Não vou me preocupar em ver
seu caso não é de ver prá crer: tá na cara...

Couro do falecido (com Jorge de Castro)

Tá para acontecer (com José Batista e Ivan Campos)

Levou fermento (com José Batista)

Me empresta teu lenço (com Elano de Paula e Nicolau Durso)

Rua Dom Manuel (com Jorge de Castro)

Senhor Juiz (com Jorge de Castro)

Prova Real (de Oderlandes Rodrigues, Edson Santana e Amado Régis)

Bola Branca (de Antônio Guedes, Otávio Lima e Estanislau Silva)

Chica da Silva (de Anescar e Noel Rosa)

Maria Baiana

Sambamba

Copacabana de tal

Este samba tem parada

Água e azeite (com Estanislau Silva)

Na menina dos meus olhos (com Flora Mattos)

Lamento da lavadeira (com João Vieira Filho e Nilo Chagas)


Ô, dona Maria!
Olha a roupa, dona Maria
Ai, meu deus!
Tomara que não me farte água!

Sabão, um pedacinho assim
A água, um pinguinho assim
O tanque, um tanquinho assim
A roupa, um montão assim
Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá

Quintal, um quintalzinho assim
A corda, uma cordinha assim
O sol, um solzinho assim
A roupa, um montão assim
Para secar a roupa da minha sinhá
Para secar a roupa da minha sinhá

A sala, uma salinha assim
A mesa, uma mesinha assim
O ferro, um ferrinho assim
A roupa, um montão assim
Para passar a roupa da minha sinhá
Para passar a roupa da minha sinhá

Trabalho, um tantão assim
Cansaço, é bastante sim
A roupa, um montão assim
Dinheiro, um tiquinho assim
Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá

Na casa de Antônio Jób (com Venâncio)

Nó molhado (com José Batista e Ivan Campos)

Morfeu (com Luiz Reis)

Segunda Lua-de-Mel (com Flora Mattos)

Fogo no morro (com José Batista)

Aula de samba francês

Mané João (com José Batista e Ivan Campos)

Retrato de Cabral (com Raul Marques)

Principais trabalhos de Monsueto como ator:

A Hora e a Vez do Samba (1971)

Salário Mínimo (1970)

Os Deuses e Os Mortos (1970)

"Quatro Homens Juntos" (novela de 1965)

La Leona (1964)

Die Goldene Göttin vom Rio Beni (1964) -Os Selvagens (Brazil)

Briga, Mulher e Samba (1960)

Favela (1960)

Na Corda Bamba (1958)

Treze Cadeiras (1957)

CURIOSIDADES

O Morro do Pinto
De todas as favelas extintas nos anos 60, o caso mais polêmico foi a da Praia do Pinto, no Leblon. Os moradores souberam dos planos da Prefeitura de acabar com a comunidade ainda na década de 50, mas houve forte resistência". Segundo dados do Censo de Favelas de 1949, pelo menos 20 mil pessoas moravam no local.

A remoção só foi concluída após um incêndio, em 1969, durante o mandato do governador Negrão de Lima. “Muitas pessoas não queriam sair. Apesar dos problemas, preferiam continuar morando na Zona Sul. O incêndio obrigou todo mundo a ir embora”, afirma Maria Rosa de Souza Noronha, ex-moradora da Praia do Pinto, depois removida para o Complexo da Maré.

Praticamente todos os barracos da Praia do Pinto foram destruídos pelo fogo. No dia seguinte, policiais colocaram abaixo as poucas casas que sobraram de pé. Até hoje ninguém confirma se foi acidente ou uma última tentativa do Governo de expulsar os moradores. Mas todos os indícios apontam para um remoção forçada". (aqui)

FONTE

Wikipédia
allbrazilianmusic

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