sábado, 27 de novembro de 2010

As Rimas mais Manjadas da MPB


Ao ser entrevistado pelo Jô Soares o jornalista Gustavo Bolognani Martins expôs o resultado de sua pesquisa acadêmica sobre: "As Rimas mais Manjadas da MPB", falou também das curiosidades que permeiam sua vida a respeito das rimas, como o seu primeiro livro, lançado ainda quando era criança e motivo pelo qual seu nome está no Guimes, lembrou de sua participação no Programa da Xuxa, e também falou das rimas nas músicas de sua banda Ecos Falsos...

Eu achei interessante o tema que o Gustavo escolheu para a sua pesquisa, principalmente porque pra quem gosta de música é fácil reconhecer quando algumas melodias, letras, rimas, temas são recorrentes, até pelo mesmo artista. E fica sempre aquela curiosidade da origem das letras, quem teve a ideia primeiro... Outro dia eu observei que as canções do Milton Nascimento  sempre trazem uma temática de reflexão, amizade, mistério, feedback, auto-ajuda... e falam do "SOL".

Segundo o Gustavo ele resolveu fazer esta pesquisa para o trabalho de conclusão do seu curso de Jornalismo porque era justamente esta pergunta que ele se fazia: “qual será a rima mais manjada da MPB?”. Então, ele descobriu também que ninguém nunca tinha feito uma pesquisa assim, ele seria o primeiro.

O trabalho levou uns seis meses para ser feito. Gustavo Martins selecionou 500 músicas - de 2001 até 2005 - sendo as 100 músicas de cada ano que mais tocaram nas rádios nacionais.

Gustavo identificou todas as rimas e classificou aquelas que mais se repetiam, como:
  • "assim/mim", "coração/paixão", “dizer/você”, “fim/mim”, “amor/dor”, “caminho/ sozinho”.
A mais nova rima era: “tesão/ decepção”. A rima: "assim/mim" foi encontrada em 58 músicas das 500 selecionadas para o trabalho.

As rimas mais manjadas da MPB (Gustavo Martins - Ecos Falsos, pt1)


A rima mais comum na música brasileira é “assim” e “mim”, seguida de “coração” e “paixão”. Rimar “amor” e “dor” ficou apenas em oitavo lugar. Essa é a conclusão da pesquisa “É o Amor – Lugares-Comuns na Música Popular Brasileira por Suas Rimas”, do jornalista Gustavo, com as 500 canções mais tocadas nas rádios entre 2001 e 2005, que totalizaram 3.073 rimas.

Gustavo destaca que s palavras mais usadas foram:
  • “você”, “coração”, “amor”, “mim”, “assim”, “paixão”, “amar”, “dizer”, “esquecer”, “ver” e “olhar”.

“Boa parte da música que é consumida no Brasil se vale de uma estética muito manjada, que está mais para a repetição em busca da aceitação do que para a criação artística”, garante.

Apenas 24 hits que chegaram ao topo das paradas entre 2001 e 2005 não se valiam de rimas. Três deles gravados pelo grupo Jota Quest – “Do Seu Lado”, “Só Hoje” e “Na Moral”.



De acordo com Martins, as rimas com o verbo no infinitivo são as mais utilizadas e apareceram em 95% das canções. A campeã foi “Maimbê Dandá”, de Carlinhos Brown, gravada por Daniela Mercury e que, de 11 rimas, possui 5 com esse recurso. Os grupos de pagode e samba também adoram esse recurso de linguagem. “Os artistas se fixam nessas alternativas porque sabem que elas têm uma eficiência de memorização maior no público”, diz o pesquisador.


As rimas mais manjadas da MPB (Gustavo Martins - pt2)



***Ecos Falsos, banda do Gustavo lançou CD dia 25/11/10 - no Estúdio Emme, em São Paulo...



ECOS FALSOS




Ecos Falsos nasceu em 2002, quando amigos de faculdade cansaram de tocar covers e se convenceram que podiam fazer música. Queriam um rock sinceramente barulhento, bem-humorado sem ser patético, com letras decentes e refrões inflamáveis. "Ecos falsos", em ufologia, significa o sinal captado por radares onde supostamente há atividade alienígena. E isso é tudo que eles aceitam esclarecer sobre o nome.

Começaram a apresentar-se para platéias universitárias bêbadas e curiosas, e no segundo semestre do ano já tinham uma demo de cinco músicas nas mãos, intitulada apenas "Ecos Falsos". Conseguiram suas primeiras datas em antros independentes de São Paulo, que entre o fim de 2002 e começo de 2003 pareciam perseguidos pela maldição de fecharem logo depois do show da banda.

Temendo quebrar a cena se continuassem se apresentando com freqüência, entraram em estúdio para gravar sua segunda demo, "The Best of Remixes Reunion Live Remasters Acoustic Tribute", com sete músicas. Artesanal da capa à contracapa, a demo valeu-lhes apresentações bizarras em lugares como a casa de forró KVA e uma convenção de biólogos em Seropédica, no RJ.

Quase uma centena de shows depois, os Ecos Falsos já podem se vangloriar do barulho que suas três guitarras fizeram na cena independente. Lançaram "A Última Palavra em Fashion" no começo de 2005, que entre diversos elogios foi finalista do Prêmio London Burning 2005 como Melhor EP Independente. Já foram destaque na Tramavirtual, Rede Globo e diversos jornais do país. Foram escolhidos como Banda Antes MTV do mês de abril, e sua turnê pelo Nordeste com outras cinco bandas independentes será filmada para o MTV Banda Antes Na Estrada, projeto pioneiro de festival itinerante a ser exibido em seis programas na TV.

Participaram de festivais como Sinfonia de Cães (SP), Oitavo Ato (Cuiabá/MT), Goiânia Noise (GO),Senhor F Festival (DF), Jambolada (MG) e Calango (MT), além de shows no Paraná e Santa Catarina. Já dividiram o palco com Detetives, Ludovic, Réu & Condenado, SomoS, Wasted Nation, Los Pirata, Velhas Virgens, Nervoso, Ambervisions, Zefirina Bomba, Deize Confusa, Daniel Belleza, Forgotten Boys, Stuart, Relespública, Rock Rocket e outras dezenas de bandas bacanas.

A formação atual dos Ecos Falsos é Gustavo Martins (guitarra e voz), Felipe Daros (guitarra e voz), Daniel Akashi (guitarra e voz) e Davi Rodriguez (bateria), e proclama-se com falsa modéstia a "melhor boyband do mundo".

O primeiro CD da banda conta com a participação da Fernanda Takai, Tom Zé, o guitarrista Sérgio Serra (Ultraje a Rigor), na faixa “Isso Me Cansa”, e o tropicalista Tom Zé, que canta o refrão da música que abre o álbum, “A Revolta da Musa”. Cada um veio de uma forma diferente de contato

"A gente  não tem pudores de explorar o marketing da banda. Rock é comercial mesmo", admite Gustavo Martins, principal letrista do Ecos Falsos. O grupo, formado por quatro paulistanos de vinte e poucos anos, se apresenta como um bem formatado produto da geração internet: os próprios integrantes gerenciam o site, a página no MySpace, o mailing e a criação de merchandising. "Nunca escondemos o sonho de nos tornarmos mainstream", assume o guitarrista Daniel Akashi. "Amamos tocar no circuito independente, porque é lá que se tem contato com os fãs, mas estamos sempre atrás da fama."

Recém-lançado, Descartável Longa Vida (Monstro Discos) consolida três anos de intensa atividade underground e marketing virtual. "Por mais que sejamos uma banda que coloca as coisas na internet, a gente sentia que precisava lançar um disco", diz Gustavo. "É uma divulgação de luxo. Quando o público e a imprensa vêem o CD, é outra abordagem", explica o baterista Davi Rodriguez.

O resultado chama a atenção tanto pelo cuidado estético e sonoro quanto pelas participações especiais, de Fernanda Takai (no dueto "Dois a Zero") a Tom Zé (no refrão de "A Revolta da Musa"). "Desde que o Tom Zé elogiou nossas músicas em 2004, a gente já pensava em chamá-lo pra fazer alguma coisa", lembra Gustavo. "Fui na casa dele, escrevi o refrão num papel e fizemos uns takes."

Como uma cooperativa, o Ecos Falsos distribui obrigações burocráticas entre seus membros: Gustavo marca shows, Daniel administra o site, Davi faz clipes e Felipe Daros cuida do fotolog e marca ensaios. Na música, as funções também são compartilhadas. Após a saída do último baixista, a banda abriu mão das três guitarras simultâneas e passou a dividir o baixo e as vozes entre seus integrantes. Durante shows, a troca de posições no palco é constante.

"Percebemos que cada um tinha um timbre diferente. Tentamos dividir os vocais e funcionou mais do que bem", explica o guitarrista Felipe, que canta em "A Revolta da Musa". "É uma coisa dos Titãs que gosto, de ser uma banda com várias possibilidades", completa Gustavo, que carrega o histórico de ter sido um dos mais jovens autores brasileiros a publicar livro (lançou seis desde os 9 anos). E apesar de ser o mais falante, rechaça a condição de líder. "A gente evita esse lance. Digamos que sou o gerente, mas todos são sócios igualitários."

Daniel concorda: "O fato de o Gustavo ser o mais desinibido leva à impressão de líder e gera amores e ódios. Acho que chamar a atenção das pessoas pro bem ou pro mal é ótimo. Ter essa postura é fundamental pra fazer algo acontecer".

Apesar de se auto-declarar bem-humorado - seja nas letras e interpretações cheias de ironia, seja na postura de palco despojada e milimetricamente planejada -, o Ecos é cuidadoso ao citar influências. "A gente se identifica mais com Ultraje, Língua de Trapo, Premeditando o Breque do que com Mamonas, Raimundos", diz Gustavo. "As pessoas acham que o artista deve ter uma postura séria o tempo todo, mas a gente não saberia ser de outro jeito."

Carregando referências variadas que vão do rock oitentista ao típico barulho indie, a própria banda tem dificuldades em definir seu som. "Rock sofrido, não no sentido do sofrimento, mas na dificuldade de se encaixar em um gênero", brinca Felipe. "Tem muita gente que acha barulhento, e muita gente que curte barulho e nos acha pop demais", explica Daniel. "A gente é indie na postura, mas não no sentido estético", resume Davi.

Curiosidades

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A participação da cantora Fernanda Takai na gravação do clipe de “Dois a Zero”, aconteceu assim... a cantora gravou sua participação em seu estúdio caseiro e enviou o arquivo para o Ecos Falsos. “Quando escrevi a música, já estava pensando em um dueto. Mas a gente conhece poucas cantoras. Aí pensamos na Fernanda e mandamos um e-mail convidando, bem desencanados. E ela respondeu... Foi uma realização musical!”, conta Gustavo.

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A participação de Tom Zé no primeiro CD do Ecos Falsos é a com raízes mais antigas e talvez a que dê mais orgulho aos músicos, principalmente pela forma como nasceu. Em 2004, um então estudante de Jornalismo Gustavo Martins foi entrevistar o cantor para o jornal da faculdade e entregou a ele uma demo do Ecos, meio que sem esperança. Alguns dias depois Tom Zé ligava para ele, dizendo que havia adorado as composições. “Eu achei que ele tava de sacanagem – mas não tava. Aí eu fui algumas vezes na casa dele, e a gente mantinha contato. Ele vivia convidando a gente pra tocar em algum disco dele, mas nunca dava certo. E dava vários toques, de como explorar outras freqüências, de não fazer solos desnecessários. Até que um dia conseguimos marcar uma sessão pra ele participar do nosso disco. Era algo antigo, que TINHA de rolar”, enfatiza Gustavo.

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Sérgio Serra chegou até a banda após assistir um show, onde comprou o EP A Última Palavra em Fashion e uma camiseta. Tempos depois, o Ecos Falsos o chamou para tocar em um concerto-tributo ao Ultraje, mas ele quis tocar “Isso Me Cansa”, deles próprios. O resultado ficou tão bom que resolveram aproveitar na gravação do disco. E a participação completa um certo elo que une as duas bandas, donas de um humor e ironia bem particulares e urbanos. “Eu Nunca Ganho”, nona faixa de Descartável Longa Vida, por exemplo, é a versão anos 2000 do clássico Terceiro (hit gravado há 21 anos pela banda de Roger Moreira) por causa da temática que aborda a vida de um fracassado de forma caricata. “A gente toca “Terceiro” nos shows e as músicas têm a ver.Mas não nos inspiramos nela, nem quisemos fazer uma homenagem direta”, comenta Gustavo.

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A banda sempre teve um lado cômico aterrorizante, desde suas letras, passando por shows e inclusive fãs (reunidos na comunidade do Orkut).

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Os 4 integrantes tem um passado suspeito, enquanto Gustavo era vocalista da finada banda Finnegans, ao mesmo tempo era atendente de uma fracassada Sex Shop de São Paulo. Davi tinha dois empregos: de manhã era cortador de carne bovina de um açougue famoso de Bragança Paulista e motoboy de uma empresa de motoboys de São Paulo durante a madrugada. Daniel era um Webdesigner desempregado e Felipe já era bastante conhecido no cenário underground paulista por ter tocado em várias bandas experimentalismas, até mesmo bandas que misturavam Tango com Pagode.

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Durante a sua passagem pelo Banda Antes MTV, houve rumores de que a banda tocou 10 musicas durante as gravações, e que a MTV prometeu dar uma alongada no programa para por 5, mas os produtores do programa seguinte (Tribunal de Pequenas Causas Musicas) não aceitaram.

Spam do Amor (gabarito) - Ecos Falsos


Bolero Matador - Ecos Falsos


FONTE:
RollingStones

SaberSapo

Mondobacana

Pânico

Folha Universal

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